
Jesus estava no monte. Três dos seus discípulos o acompanhavam.
Ali, no alto do monte, Jesus se transfigurou e “as suas vestes tornaram-se
resplandecentes e sobremodo brancas, como nenhum lavandeiro na terra as poderia
alvejar” (Marcos 9:3). Enquanto isto, ao pé do monte, outra cena se
desenrolava. Um pai desesperado rogava pelo seu filho: Um garoto possesso por
um espírito mudo desde a infância. Onde quer que este espírito se apossasse do
menino, este passava a rilhar os dentes, espumar e convulsionar-se. Como se
isto fosse pouco, o espírito se comprazia em tentar matá-lo, ora lançando-o ao
fogo, ora atirando-o na água. Por conta deste doloroso processo, o garoto
estava definhando dia após dia.
Após o acontecimento no alto do monte, Jesus desceu à planície dos
homens e ali encontrou uma numerosa multidão cercando dois grupos que discutiam
entre si. No primeiro grupo estavam os discípulos de Jesus, à exceção, claro,
daqueles que haviam subido ao monte com Ele. No segundo grupo, os escribas,
líderes religiosos que julgavam ter o mais profundo conhecimento da lei e dos
profetas. No centro da discussão o pobre garoto, seu pai e o gritante fracasso
dos dois grupos em trazer alívio ao sofrimento.
Ao ver a chegada de Jesus a multidão ficou atônita, provavelmente
por conta da glória que ainda se manifestava Nele após a transfiguração. Fez-se
silêncio. O pai aflito tomou a palavra e relatou a sua triste história e toda a
polêmica gerada pelo fracasso dos discípulos em expulsar o demônio que
escravizava a vida de seu filho.
Jesus ouviu a tudo sem deixar de expressar sua consternação àquela
geração incrédula. Pediu que lhe trouxessem o menino e quando ele viu a Jesus
imediatamente o espírito imundo se manifestou e o garoto agitou-se com
violência caindo por terra espumando em meio à convulsão.
Ao ver seu filho naquele estado, o pai suplicou: “se tu podes
alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos”.
“Tudo é possível ao que crê”. Esta foi a resposta de Jesus.
O pobre homem desabou!
Penso que naquele momento o pai fez uma retrospectiva de sua luta.
Vejo-o aflito ao lado da cama do filho passando noites em claro na expectativa
de uma crise que poderia surpreendê-lo na madrugada. Imagino-o tentando de
todas as maneiras segurar seu filho durante uma convulsão enquanto o espírito
imundo lutava para arrancá-lo da mão do pai para arremessá-lo no fogo ou na
água.
Imagino a dor deste pai em ver seu filho definhando, ver sua
infância sendo roubada. Sinto a ansiedade tomando conta do coração do pai ao
ver seu filho próximo de um lugar potencialmente perigoso, e lugar perigoso
para aquela criança era praticamente qualquer lugar: uma fogueira, um rio, um
tanque, uma parede, uma árvore, um terreno pedregoso. Penso nas muitas e muitas
vezes em que sua esperança foi frustrada na sua “via crúcis” em busca de cura
entre médicos, exorcistas, operadores de milagres e charlatões. Imagino a sua
esperança quando ouviu falar de Jesus e sua decepção em chegar e saber que Ele
não estava. Vejo seu coração sofrer mais um golpe quando os discípulos de Jesus
também fracassaram miseravelmente.
O pai caiu em lágrimas e disse: “Eu creio, Senhor! Ajuda-me na minha
Falta de Fé”.
É como se ele dissesse: “Eu creio, Senhor, mas a minha fé está por
um fio”; “eu creio, mas as circunstâncias não me dão esperança”; “eu creio, mas
as decepções se avolumam”; “eu creio, mas as minhas lutas parecem maiores que a
minha fé”; “eu creio, mas me sinto pequeno e impotente diante das
dificuldades”; “eu creio, mas ver meu filho se convulsionando deste jeito,
depois de tantos anos de sofrimento, me mostram o fracasso de minha fé até
aqui”; “eu creio, com toda a fé que este coração tão cansado e sofrido ainda
pode ter, mas sinto a cada dia esta fé desfalecer e, mesmo agora, diante de Ti,
tenho medo de me decepcionar mais uma vez”.
Eu me identifico com este pai. Vejo-o refletido em tantos pais e
mães que lutam para livrar seus filhos escravizados pelas drogas, pelo
alcoolismo, pela desesperança. Vejo este pai refletido em cada esposa e esposo
que luta pelo seu casamento em crise mesmo quando parece não haver esperança;
em cada pai e mãe desempregado que só encontra portas fechadas e não sabe como
fazer para trazer sustento para sua família; em cada pessoa que tem um ente
querido em um leito de hospital consumido por uma doença que parece ser sem
cura. Vejo este pai a cada dia na igreja do Senhor na face de homens e mulheres
guerreiros que ainda ousam crer, mas que as lutas os levam ao limite de suas
forças e de sua fé.
Me identifico com este pai porque me sinto mais à vontade com
aqueles que não têm medo de confessar suas próprias fraquezas e limitações,
porque neste mundo, em que ter fé na fé parece ser caminho fácil, a sua
confissão de impotência ecoa no meu coração e me traz alento de que, afinal, eu
também posso ter esperança, mesmo não sendo esta coluna de fé inabalável que
tantos parecem ou fingem ser.
A confissão de sua própria limitação não gerou nenhuma critica nem
repreensão de Jesus. Ao contrário, aquele pai pediu a ajuda de Jesus à sua
incredulidade e foi exatamente isto que Jesus fez. Repreendeu o espírito, tomou
o menino pela mão e o devolveu, liberto e curado, ao seu dedicado pai.
Talvez você esteja na situação deste pai. As lutas, angustias,
problemas, aflições, perseguições, crises, pelas quais você tem passado tenham
abalado sua fé e roubado sua esperança. Mas, assim como fez aquele pai, não
desista. Mesmo que sua fé pareça pequena, mesmo que a esperança pareça um fino
vapor que desvanece, mesmo que os desafios sejam como gigantes e muralhas
instransponíveis.
Ouse continuar e prosseguir. O que toca o coração de Deus não é o
tamanho da fé, mas a perseverança daquele que crê, até porque a fé dos homens
não chega sequer ao tamanho de um grão de mostarda, pois, segundo Jesus, se
houvesse alguém com uma fé deste tamanho os montes estariam sendo transpostos.
Mesmo os que se mostram gigantes hoje, ainda estão muito, muito longe desta fé
que move montanhas. A força da fé não reside em seu tamanho, mas na sua
perseverança.
A fé perseverante é aquela que vence. É na perseverança que o fraco
se faz forte diante do Senhor.
Não desista. Persevere!
Pr. Denilson
Torres
Blognaodesista.blogspot.com.br
Glórias a Jesus! Aleluia!
ResponderExcluirMaravilhoso é o dom que o Senhor lhe concedeu, meu bom pastor.
Sinto em suas palavras escritas com perfeição , a presença e o poder do Espirito Santo que nos ensina o valor da perseverança e nos impele a crer, com esperança, na vitória nas lutas, angustias, problemas, aflições, perseguições, crises, etc, que se dissipam como a neblina sob o esplendor da luz divinal do amor.
Obrigado por nos fortalecer na fé naquele que tudo pode.
Obrigado por encher nossos corações de esperança. Para que nenhum outro sentimento possa prevalecer e assim nos enfraquecer como a inveja e o ciume fizeram com aqueles discípulos que não subiram o monte com Jesus e ficaram lutando contra seus próprios sentimentos em vez de , simplesmente, se humilharem para receber o poder e a autoridade de Deus para expelir o demônio que oprimia aquela criança.Misericórdia...O que podemos ter de melhor e mais valioso em nossas vidas é a misericórdia de Deus. É só pela imensa misericórdia do Senhor que não somos consumidos pelas nossas fraquezas.E Ele não desiste de nós. Ele se importa conosco. Ele tem misericórdia de nós. Nunca vi um amor tão grande assim...Ele não desiste e nos fala através do bom pastor Denilson: "Não Desista. Persevere!"
Querido irmão,
ExcluirÉ sempre maravilhoso poder contar com seus valiosos comentários e participação constante aqui conosco. Concordo plenamente com você quando diz: "O que podemos ter de melhor e mais valioso em nossas vidas é a misericórdia de Deus. É só pela imensa misericórdia do Senhor que não somos consumidos pelas nossas fraquezas.E Ele não desiste de nós.".
Realmente é esta misericórdia e este inexplicável amor que nos sustenta e fortalece nos momentos de angústia.
Que o Senhor o cubra de bênçãos, amigo!